Desarrumar o armário

Hoje precisei desarrumar o armário de minha mãe, ela tem 88 anos e há 11 meses o Alzheimer se instalou. É muito difícil conviver com alguém que foi tão importante ao longo de toda a minha vida, que foi meu norte e hoje não lembra o meu nome. Precisei de mais espaço no quarto dela para dar mais conforto a ela e a quem dorme com ela, tive que comprar um novo Guarda roupa menor. Retirei muita coisa do antigo e tive que levar para casa de uma irmã minha, eu sei que esses objetos não retornarão mais a minha casa, só o essencial fica. Minha mãe ainda está viva, mas é como se eu estivesse me desfazendo de sua história, suas roupas, seu passado. Chorei muito enquanto eu realizava tudo isso, mas era preciso. Mais uma vez a vida exige que eu seja firme, sem tempo para chorar a minha dor. E o medo do novo mais uma vez me ronda e emocionalmente fico abalada, mas preciso lutar contra esse monstro que se eu deixar, ele me devora... Estamos sempre lutando contra nossos medos, angústias. É sempre um grande desafio, todos os dias eu tenho que dizer para mim mesma: sou forte, sou maior do que os meus medos, eu posso ir mais longe e tento superar e enfrentar o obstáculo, mas às vezes não consigo, então tenho que respeitar o meu momento, retrocedo para no outro dia, depois que a emoção foi controlada tentar novamente e superar mais uma batalha. É uma luta diária contra o medo de sentir medo. Superá-lo é sempre o meu desafio. Sair da zona de conforto é sempre um grande desconforto, gera uma ansiedade e consequentemente o medo. Precisamos sempre encarar tudo isso como uma forma de crescimento e enfrentarmos a escuridão dos nossos medos e encontrarmos a alegria da superação. Coragem é viver com o coração diz Osho em seu livro: O prazer de viver perigosamente. A vida não é para fracos é para quem tem coragem de viver e lutar diariamente contra seus medos e apesar de senti-los  continuar caminhando. Luto todos os dias contra os meus medos, levanto todos os dias e escolho ser feliz, escolho ter coragem, escolho superar e avançar na grande batalha de viver e não ter a vergonha de ser feliz.